sábado, 19 de dezembro de 2009

A aula no escuro.

O ideal é que eu escreva este post o mais rapidamente possível. Por quê? Porque acaba de faltar luz, estou digitando no breu, iluminado apenas pela luz que vem do monitor do notebook. Estou no sofá, à direita, Danielle está na mesa dando aula a três jovens alunos que farão a prova para o Colégio Pedro II neste próximo domingo. Para que a situação se completasse de maneira perfeita, só se eu conseguisse publicar esse texto através da conexão do próprio notebook, o que não será possível porque essa droga de modem que o Estado nos deu não está conectando. Pena.
O interessante desta esdrúxula situação, é que as crianças continuam estudando, como se nada houvesse acontecido. Danielle está se esforçando para ler à luz das duas velas que iluminam a mesa, dando dicas para as redações, comentando sobre o alinhamento dos parágrafos, a separação das sílabas, o uso de argumentos coerentes. No escuro.
Esses meninos tão esforçados e inteligentes provavelmente serão aprovados no concurso, porque estão estudando, ainda que seja no escuro. Eles riem, a situação para eles é divertida. Se fosse eu, menino, sozinho na casa dos outros, estaria apavorado (Deus, como eu era uma criança tapada). A alegria e o bom astral da aula contagiam meu espírito (a mãe de um dos meninos acaba de chegar, provavelmente preocupada. Bobagem, o jovem está radiante, certamente nunca estudara redação iluminado apenas por velas). A tecnologia, a eletricidade, parecem tão inúteis e dispensáveis neste momento.
O modem não conecta. Terei mesmo de esperar a luz voltar para publicar no blog pelo meu computador. A mãe de um dos alunos está na sala, todos conversam sobre as expectativas do concurso, ninguém parece ligar para a falta de luz, apenas eu, tão dependente das bugigangas movidas a eletricidade. Quando expirar a bateria do notebook (neste momento restam 51 minutos) deitarei no sofá com minha cara de bunda até a energia que move meus vícios volte às tomadas.
A mãe do aluno sentou-se, a aula continua. Tão desnecessária a luz elétrica. “- Esse parágrafo está curto em relação aos outros, vamos melhorar...”, Dani diz. Curiosamente, o tema da redação envolve as vantagens dos livros sobre a televisão e o computador, como eles estimulam a criatividade. Lembro-me que, quando criança, eram comuns os blackouts, naquele momento, a garotada saia para a rua e inventávamos brincadeiras e peraltices. Esses momentos são algumas das melhores lembranças que tenho da minha infância. A tecnologia era tão dispensável.
Vou encerrar o post antes que a luz volte, antes que acabe a bateria. A aula dos meninos também já está acabando. Não haverá saída para mim: terminado este post, correrei para a casa da minha mãe, onde há um telefone convencional, e ligarei para a Light, exigindo a volta daquilo que um dia eu desprezei, porque não fazia falta. As coisas eram mais simples, e a felicidade, mais fácil.

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