sexta-feira, 19 de março de 2010

Enquanto o alprazolam não faz efeito...

Os amigos que me conhecem um pouco melhor, e a partir de agora todos os que lerem esse post, sabem que eu sofro de um problema sério de insônia. Esse problema começou na minha infância quando, por falta de limites impostos pelos meus pais, eu ia dormir na hora que eu quisesse, chegando a virar a noite várias e várias vezes. Isso continuou durante minha adolescência, quando eu passava as madrugadas lendo ou mexendo no meu 286 (que à época era um luxo para poucos. Se você não sabe o que é um 286, faça um pesquisa no Google). Hoje isso se tornou um problema crônico que tentei curar nos últimos anos das formas mais diversas: chás, mel, exercício físico, meditação, leite quente... nada resolveu. Deixei, então, o preconceito de lado e fui a um profissional para que ele me receitasse um medicamento. Nesse dia eu fui apresentado ao alprazolam, ao qual chamo carinhosamente de sleep medicine.
Não faço uso diário desse medicamento, já que ele é demasiado forte e oferece risco de dependência, mas em momentos de ansiedade, como o que estou vivendo neste instante, ele é essencial para me jogar nos braços de Morpheus. Contudo, ele demora cerca de 40 minutos para fazer efeito, por isso resolvi esperar esse tempo escrevendo este post. Eis a bula, clique para ampliar a imagem:

São exatamente 03:48h, enquanto o remédio dissolve-se no meu estômago para, a seguir, tomar minha corrente sanguínea, aproveito para fazer coisas inúteis, como digitalizar as imagens da caixa e da bula para anexar a este post.
Antes de começar este parágrafo, eu gastei algum temo fazendo ajustes no Corel Photopaint e percebi que o remédio começou a fazer efeito. É algo estranhíssimo e difícil de descrever: a ansiedade continua a acelerar meu batimento cardíaco, mas o cérebro começa a desligar, embaçando a visão e comprometendo dramaticamente a coordenação motora (a digitação está se tornando difícil, estou errando a cada palavra). Entretanto, preciso aguentar firme, já que ainda falta digitalizar o verso da bula (processo iniciado agora, às 03:59h).
Caso o leitor esteja se perguntando sobre a utilidade ou a relevância deste post, peço que ele se solidarize e entenda que são a utilidade e a relevância de se estar acordado na cama, rolando de um lado para o outro, sem conseguir dormir. Entenda que estou ocupando o que seria um tempo perdido em algo que amo fazer, que é escrever. E se minhas palavras são enfadonhas, que torça junto comigo para que o Alprazolam faça logo efeito.
Agora são 04:18h, acabei de fazer o upload das imagens e sinto que já não será possível digitar com precisão (estou errando todas as palavras e tendo de redigitá-las todas). Vou publicar no blog e despencar na cama. Foi uma experiência interessante escrever este post, começando com uma ansiedade que revira as tripas e terminando num estado de lerdeza que torna até as ações simples em algo complexo. Fim. Sem condições de continuar. 04:32h.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Um dia de cão

Há quem diga que quando as coisas têm de dar errado, elas dão errado todas de uma vez. Isso não é comprovado empiricamente, mas não se pode negar que forças obscuras agem sobre determinados dias das nossas vidas, tornando a rotina algo próximo de uma tortura chinesa. Minha quarta-feira foi algo assim.
A manhã na escola foi péssima por vários motivos. Eu ainda não estava descansado da noite mal dormida do dia anterior, quem é professor sabe que nada é pior do que ministrar uma aula indisposto, ainda mais no turno da manhã. Some a isso uma turma indisciplinada e dispersa e outra indisciplinada e apática, pronto! Eis a fórmula do aborrecimento e da frustração. Foram cinco longas horas naquele esquema aluno tagarela, esporro, silencio, dois minutos, aluno tagarela, esporro, silêncio, dois minutos, aluno tagarela... depois do sucesso da aula de terça, confesso que essa postura das turmas me surpreendeu e me trouxe de volta à terra: é claro que não seria tão fácil quanto eu pensei.
De tarde, cheio daquele cansaço que chega até a alma, eu só pensava em me deitar e descansar um pouco. Pensava. Porque o telefone não parou de tocar por horas a fio: ligações do Mochón, com pedidos de auxílio para ligar o projetor que ninguém na escola, incluindo a "orientadora tecnológica", sabia operar. Depois de dar instruções para a Dani, ela conseguiu ligar o projetor, então eu pensei em me arrumar para ir à academia. Pensei. Porque o telefone voltou a tocar: agora era o som que não saia no amplificador da escola, problema de solução impossível, já que não havia no Mochón o cabo que ligava o notebook ao amplificador. Resultado: a palestra marcada para aquele dia foi cancelada, por um detalhe técnico que custou a imagem da escola diante do palestrante frustrado. Essa foi a pá de cal no ânimo que me restava.
Já atrasadíssimo, saí para a academia na esperança de ainda conseguir completar a minha série, para pelo menos cumprir com as obrigações relativas a minha saúde. Inacreditável, mas, mesmo com a academia vazia, eu não conseguia progredir nos exercícios, porque a Gisele ia com seu aluno de personal para todos os aparelhos que eu precisava usar. E quem conhece a Gisele sabe que as sequências de exercícios dela são longas e complexas, o que me fez perder ainda mais tempo. Já desanimado, recebi uma ligação da Dani: sua mãe havia sofrido uma queda e estava sendo atendida no UPA. Haveria eu atropelado algum despacho sem perceber?
Passei rapidamente no Alcides, larguei minha bicicleta e minha mochila lá e fui para o UPA para ver como estava D. Thelma. Depois de duas horas, ela saiu com uma chapa de raio-X na mão e uma notícia curiosa: na unidade, não havia nenhum ortopedista para analisar as imagens.
De volta à escola, eu descubro que outros dois professores faltaram, havia turmas em tempo vago e o colégio estava uma zona. Tinha tantos alunos zanzando pelos corredores que aquilo mais parecia uma festa. Naturalmente, Fátima queria comer meu fígado, já que não sabia do ocorrido com minha sogra (passei tão rápido na escola que esqueci de deixar o recado para a direção). Tive de me explicar durante um bom tempo no telefone.
Passei no Prezunic para fazer umas compras, onde não fui atacado por leões ou iguanas venenosas, apesar de estar preparado para tal infortúnio. Em casa, o resto da noite foi dedicado por mim e Dani à troca de experiências terríveis sobre esse dia que poderia ser apagado. Fruto de forças ocultas ou não, esses dias de cão existem, inegável. Os céticos que se mexam para formular uma explicação plausível.

terça-feira, 9 de março de 2010

Relembrando março no cantinho

Uma semana e um dia do mês de março, e eu catando tempo para escrever no blog. Estou aqui no cantinho da copa, meio encolhido porque a Dani está dando aula ao lado e há duas novas alunas presentes – tal coisa demanda reservas da minha parte: nada de falar demais (difícil), nada de ficar sem camisa (ainda mais difícil), nada de me meter na aula (beirando o impossível). Então, meio tímido e retraído, com um quê de contrariado, vou relatando esse início de março.
Semana passada foi a primeira de aula efetiva no Marechal Alcides. Curiosamente, contrariando minhas melhores expectativas, senti nos alunos uma boa vontade incomum, coisa rara nessa escola que tem o perfil de distribuidora de diplomas. As turmas do 1º ano demonstraram especial entusiasmo com as aulas de Inglês, o que me deixou muito feliz e motivado.
No Mochón a pauleira continua: na terça, Marcos e eu fomos ao Centro comprar alguns itens para a escola: 2 projetores, 3 telas para projeção, caixas de som amplificadas e headsets para as aulas de Inglês da Dani; o material só será liberado após a compensação dos cheques da escola, o que deve ocorrer hoje ou amanhã. O ambiente de trabalho no Mochón está surpreendentemente bom: os alunos estão motivados, a direção está nos dando carta branca para trabalharmos da melhor maneira e os recursos não param de chegar. Desde 2005 eu não me sentia tão feliz na escola.
Essa semana começou especialmente boa, ministrei hoje uma das melhores aulas da minha vida, que irei descrever no blog do EMI. A manutenção do fórum está mais fácil porque quase todos os alunos já se cadastraram, e a matéria está fluindo bem. Estou bem cansado porque dormi pouco, mas muito satisfeito pelo bom trabalho que vem sendo feito.
Estou com uma idéia de texto na cabeça, mas acho que o blog já está cheio demais de promessas não cumpridas (o que, por si só, já daria uma ótima crônica), portanto, não vou ficar descrevendo o que pretendo fazer (assim não ficarei frustrado se não levar a empreitada a cabo). São 18:10h, meu período de castigo no cantinho está acabando e vou tentar tirar disposição das tripas para ir à academia.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fim de Semana Guerreiro

Este será um post rápido (espero), porque não posso acordar tarde já que tenho de preparar o almoço. Após uma semana agitadíssima e muitas e muitas horas de manutenção do fórum, a sexta-feira chegou para aliviar um pouco a tensão.
Logo pela manhã, após a primeira prova interdisciplinar do Mochón (detalhes no Blog do Mochón), comemoramos o aniversário da Zezé, com direito a bolo, doces e frufrus cor-de-rosa. Após a festinha, Dani e eu fomos comprar no Prezunic os itens restante para sua festa de aniversário no sábado. Foi um dia de muita correria, porque não quisemos deixar de ir à academia e o tempo ficou curto.
Sábado acordamos muito cedo para ir à Padre Miguel comprar frutas e itens descartáveis para a festa. Passamos a manhã arrumando tudo: Dani na cozinha e na limpeza com a ajuda de sua mãe e da Deise, e eu na parte bruta de carregar as coisas, arrumar a churrasqueira, isopor de cerveja, etc. Fiquei muito tenso à tarde porque os jogos de mesas e cadeiras que eu havia alugado ainda não tinham chegado. O problema foi que a polícia estava invadindo a favela da Vila do Vintém, onde fica o bar que faz o aluguel das mesas, e não tinha como o cara entregar nada enquanto o caveirão não saísse da favela. O mesmo problema ocorreu com o entregador de gelo. No fim das contas, as mesas só chegaram por volta de 3 da tarde e o gelo tive de pedir para o Zé Manuel trazer.
Fora esse estresse do início do dia, a festa transcorreu muito bem. Bem até demais, para dizer a verdade: arrisco dizer que foi a melhor festa que já fizemos. Presentes, só os poucos e bons, música ao vivo, muita cerveja e churrasco. Trabalhei muito nesse dia para que a Dani não precisasse fazer nada durante a festa (que era dela, afinal), mas valeu muito a pena.
No domingo (hoje), fomos à festa de aniversário de um ano da Manuela, filha do Xandy e da Cláudia. A festa estava excelente, mas estávamos cansados da bebedeira do dia anterior e ainda abatidos por conta da semana agitada, por isso fomos embora um pouco mais cedo do que de costume – somos conhecidos por fechar as festas.
Cumprindo a promessa de um post rápido encerro por aqui, indo descansar do fim de semana mais agitado (e divertido) de 2010 até então.