terça-feira, 12 de maio de 2009

Manifesto de apoio ao porco

Antes de tudo, é essencial registrar que estamos vivendo uma hipocondríaca moda de “gripe suína” (assim como já vivemos a da “gripe aviária”, da “febre aftosa”, entre outras). Há pouco tempo rebatizaram a tal gripe do porco como “gripe A”, numa tentativa de dissociar a doença do consumo de carne suína. Tarde demais. Nos supermercados as pessoas estão passando longe dos balcões de salgados, temendo que os pedaços de bacon criem garras e voem em suas jugulares.

Estupidez à parte, tratemos do que importa: por que tanto pavor da tal gripe suína se basta sair à rua para verificar que as pessoas não têm cuidado com a higiene, expondo-se dessa forma a tantas outras moléstias potencialmente perigosas, como a meningite, a tuberculose e a própria gripe humana?
Estive em Bangu, sábado passado, para trocar umas roupas que não me serviram e comprar algumas coisas para o dia das mães. A primeira loja que visitamos – minha esposa e eu – foi a Grippon, localizada no centro do bairro. Lá, Danielle comprou algumas bijuterias para presentear minha mãe. Entreguei à operadora do caixa uma nota de R$ 50,00 para pagar as compras e nesse momento a moça, que não aparentava estar muito satisfeita com a sua vida, levou a palma da mão até as narinas e deslizou o antebraço para cima como se uma roldana em suas ventas auxiliasse o movimento. Parou apenas quando o nariz quase chegava à parte interna da junta, deixando um rastro de líquido transparente e brilhante que se iniciara em seu pulso. Limpou a nojeira na roupa e deu o troco nas lindas e asseadas mãos de minha esposa. O sistema imunológico dela daria um soco na cara da atendente se pudesse.
Mais à frente, passando pelo calçadão e indo em direção às escadas rolantes, um sujeito que parecia estar fazendo a segurança da peixaria em frente enfiou uns dois centímetros do seu indicador direito no ouvido e iniciou um frenético movimento circular no eixo do dedo como se quisesse raspar o tímpano com a unha. Ele ria e conversava com os outros enquanto fazia isso. Ao chegarmos à escada rolante, nem Danielle nem eu tivemos coragem de segurar nos corrimões. Sabe-se lá se o sujeito da peixaria ou a operadora de caixa da Grippon passaram por ali.
Finalmente, quando comprávamos alguns ingredientes para o estrogonofe do dia seguinte, no Supermercado Guanabara do calçadão de Bangu, não pude escapar ao meu destino. Uma mulher gorda, mulata, vestida com roupas baratas de péssimo caimento passou à minha direita caminhando mais rápido do que eu. Quando ela tossiu aquela tosse barulhenta e úmida lembro-me de que seus dois braços continuaram fazendo os movimentos alternados típicos de quem caminha, já que a criatura não fizera questão de tapar a boca com a mão. Recebi aquela chuva asquerosa no ombro e no pescoço, enquanto a via se afastar desengonçada e distraída.
O espaço aqui seria pouco para manifestar minha repulsa e indignação. Não me espantaria se, num futuro próximo, para evitar a gripe humana, déssemos com porcos usando máscaras cirúrgicas.

2 comentários:

  1. Isso e cotidiano...
    Imagia o dinheiro ou seja troco que agente recebe nas mercearias..
    ja imaginou quantas mãos ele ja passou ou quantas vezes ele ja caiu no chão e de quantas coecas ou sutiã ... ou seja não tem nada mas sujo do que o dinheiro.

    Jefferson 3007 Monchon a noite

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  2. as pessoas dessa sociedade em que vivemos, perderam a noção de higiêne...

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