segunda-feira, 4 de maio de 2009

O funeral da arrogância

Eu sempre quis escrever um Blog, mas tinha receio de que seria um total fiasco, que ninguém o leria e que ficaria jogado, perdido no meio das zilhões de páginas inúteis e pouco interessantes que sufocam a rede. Esse risco de ter o orgulho ferido sempre me rendeu certo desânimo.
Para começar a escrever, tive de me despir de toda a presunção, cujo tecido me apertava especialmente na altura do peito e do pescoço. Conformei-me com o fato de que talvez eu mesmo seja o solitário leitor de minhas palavras, e fiz disso a força motriz que impulsionará a escrita: se esse blog será uma espécie de diário, que seja! Nunca fui muito bom em decorar minhas próprias visões das coisas.
E por falar em visão, ela dá nome ao Blog: três por cento. É maios ou menos o quanto enxergo, graças à degeneração causada pela Doença de Stargardt. Nunca fiz drama sobre isso e não começarei hoje: escolhi esse título tão somente porque me pareceu original, e como é difícil ter idéias originais, decidi não desperdiçar essa. Além do mais, enxergar o mundo com baixa visão é algo tão singular que merece ser documentado, e de quebra confere a esse blog um caráter interessante.
Tratarei aqui de quaisquer temas que me despertem a atenção, e não serão poucos: sou um sujeito atento a tudo e a todos. Professor, cinéfilo, nerd assumido, marido e cidadão inconformado, não me aterei a temas específicos, falarei sobre o que der na telha. Na fila das resenhas literárias, o primeiro tema será “Onde os Velhos Não Têm Vez”, que pretendo começar a ler ainda hoje. Bote aí uns 2 meses até sair a resenha, já que leio devagar pacas.

Enfim, se esse blog não receber visitas, estarei resignado. Finalmente tenho uma oportunidade de registrar, em tempo real, impressões datadas de maneira organizada. E aqui vai a primeira: essa vitória que tive sobre minha soberba – o despeito de escrever sem saber se serei lido – soa como libertação. Escrever essas palavras sem a perspectiva de um leitor foi umas das coisas mais arrebatadoras que me aconteceram neste ano.

Um comentário:

  1. Sem leitores seu blog não vai ficar. Vc tem um jeito agradável de escrever e me fez dar boas risadas com os textos, especialmente com o dia de compras de presentes para o dia das mães. Também me pego observando essas coisas e acabo sempre tendo mais fé em Deus. Sim pq sem ele teríamos toda espécie de doenças que estão no ar, na terra e no mar. rs...
    Assim como também sofri com o enterro do cachorrinho de vocês, pq lembrei quando perdi um amiguinho de 4 patas e o sofrimento foi intenso. Mas só sabe o quanto doi quem já sofreu do mesmo mal. Vou parar por aqui. Só pensei em registrar minha passagem pelo Blog. Quanto aos 3% vamos apostar na evolução da medicina, enquanto há vida, há esperança. Mesmo pq essa semana vi uma entrevista sobre algo parecido. Duas crianças se submeterão a um tipo de cirurgia inovador e uma delas é filha de um jogador do Clube do Vitória/Ba. Ah! Chega... bju no coração.

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